Para grande parte da sociedade, principalmente aquela formada por profissionais de gestão, a transformação no mundo do trabalho trazida pela pandemia de coronavírus é uma virada sem precedentes.
Em um período de dois meses, vimos um volume massivo de pessoas, em escala global, mudando radicalmente sua forma de trabalhar. Migrando o eixo da produção — exceto a fabril — do espaço da empresa para o espaço doméstico. Nenhuma outra transformação do modelo de trabalho na história deu-se num intervalo de tempo tão curto. Sim, na Revolução Industrial o trabalhador saiu do campo e migrou para a cidade. Houve uma onda de especialização. Uma mudança, em princípio, até mais radical do que a atual, mas nenhuma reorganização desse gênero se compara, em escala e velocidade, a isto que a humanidade está vivendo agora.
Diante da pandemia, muita gente, de diferentes linhas de pensamento, está procurando sinais e explicações para o que, a meu ver, é fruto de acaso biológico magnificado pela globalização. Místicos, claro, mas nem só. Gente…
Tomemos como exemplo o artigo publicado dia 12 de abril, na “Ilustríssima” da Folha de S. Paulo, com o título “Predadores de nós mesmos”. Resumo: “Ao contrário do que imaginavam os profetas do fim da história, o mundo é dominado por sentimentos de paranoia e angústia. Imersos em nevoeiro, na era em que esgotamos os recursos do planeta, fabricamos a pandemia de nossa própria vulnerabilidade, sem poder culpar um “outro”. O texto foi escrito por Guilherme Wisnik, arquiteto e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.
Da troca de ideias e do compartilhamento de pesquisas que minha parceria com Clara Cecchini para a produção de nosso livro propiciou, um dos assuntos que desponta é a reinvenção do RH. A distância é…
Da troca de ideias e do compartilhamento de pesquisas que minha parceria com Clara Cecchini para a produção de nosso livro propiciou, um dos assuntos que desponta é a reinvenção do RH. A distância é imensa entre o que se esperava de um “departamento de pessoal” e o que se espera hoje de uma área que está no centro de uma das maiores preocupações das organizações contemporâneas: (re)adequar a força de trabalho aos novos tempos. Trocar funcionários antigos por aqueles com as novas habilidades não é a resposta única que resolverá tudo. Como montar equipes multidisciplinares sem perder foco e eficiência? Como incentivar a inovação sem perder tração no presente? Construindo soluções adequadas a cada contexto e adaptáveis às transformações intensas e constantes do atual mundo do trabalho. A inovação depende de ambientes que a favoreçam e relações que tragam oportunidades reais de inovar.
Quando se olha para a interseção entre tecnologia e trabalho, é possível dizer que, neste conturbado início de década, quem se considera capacitado simplesmente não foi desafiado. Talvez esteja experimentando uma falsa sensação de segurança…
Quando se olha para a interseção entre tecnologia e trabalho, é possível dizer que, neste conturbado início de década, quem se considera capacitado simplesmente não foi desafiado.